Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

25/03/2015

Extinção das florestas

70% das florestas remanescentes do planeta estão ameaçadas

Por Suzana Camargo

Em artigo publicado recentemente (20/03), 24 pesquisadores internacionais retratam um cenário alarmante das florestas remanescentes do planeta: 70% delas correm sério risco. A maioria delas localiza-se, em média, a um quilômetro de sua borda, dentro de uma faixa onde existem atividades humanas (áreas de agropecuária ou centros urbanos) e ameaças naturais, que podem degradar seus ecossistemas.

Habitat fragmentation and its lasting impact on Earth’s ecosystems” (Fragmentação de habitat e seu derradeiro impacto sobre os ecossistemas terrestres, em tradução livre) resulta de 35 anos de estudos, realizados em biomas dos cinco continentes. O pesquisador Clinton Jenkins, da organização brasileira IPÊ, é um dos envolvidos na pesquisa.

Com a ajuda de imagens de satélites e coleta de informações, foi possível elaborar o primeiro mapa global em alta resolução da fragmentação das florestas no mundo. A fragmentação ocorre quando há alteração no habitat original e este é dividido em áreas separadas, muitas vezes distantes uma das outras. O novo levantamento internacional aponta que esta divisão da vegetação reduz a biodiversidade de 13 a 75% e prejudica funções-chave do ecossistema, como a alteração dos ciclos de nutrientes e a quantidade de carbono sequestrado.

Os efeitos são maiores nos fragmentos menores e mais isolados e tendem a se ampliar com a passagem do tempo. De acordo com os pesquisadores, os resultados mostram, por exemplo, uma redução de 50% ou mais de espécies vegetais e animais durante uma média de apenas 20 anos.

O artigo destaca dois biomas brasileiros: a Amazônia e a Mata Atlântica. Numa análise detalhada, que utilizou dados históricos, os cientistas traçaram um paralelo entre as duas florestas e sua fragmentação nos últimos séculos.

Na Amazônica, a proporção de floresta distante um quilômetro da borda diminuiu de 90% para 75%. Já na Mata Atlântica, este índice despencou de 90% para menos de 9%. Segundo o estudo, o desmatamento, provocado pela agricultura e o comércio ilegal de madeira, é o principal responsável por esta trágica situação.

"O Brasil detém dois dos exemplos mais extremos para as florestas. De um lado do país, a Amazônia, a maior floresta tropical e a menos fragmentada do mundo, um bioma que ainda pode ser considerado bem conservado, mas que vive sob grande ameaça. Do outro lado do país é a Mata Atlântica, uma das florestas mais devastadas e fragmentadas do planeta, que, para sobrevier, precisa salvar suas pequenas partes e tentar reconstruir um ecossistema maciçamente danificado”, afirma Clinton Jenkins. “O que vemos, entretanto, é que a Amazônia está seguindo o mesmo caminho da Mata Atlântica, caso não houver medidas eficazes de combate ao desmatamento”.

Mais de um terço de toda a cobertura florestal do planeta já desapareceu. Os autores do artigo defendem que só será possível reduzir a fragmentação da vegetação do planeta se houver um esforço de conservação e manutenção de áreas maiores de habitat; utilização de corredores que conectam fragmentos e aumento da eficiência da agricultura para reduzir as demandas por mais terras.

"Nós sabemos o que é necessário para recuperar os ecossistemas. Proteger habitats remanescentes e conectá-los com corredores é uma maneira cientificamente válida para reduzir os efeitos negativos da fragmentação", conclui Jenkins.

Esta notícia foi publicada no site planetasustentavel.abril.com.br em 23/03/2015. Todas as informações contidas são de responsabilidade do autor.
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