Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

26/02/2015

Ouro contra o câncer

Tese desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Química da UFJF descreve sínteses de moléculas que geram resultados otimistas no combate a células cancerígenas e demonstram poucos efeitos colaterais.

Por Bárbara Duque (Revista A3)

Ligar o ouro a carboidratos e a outros compostos e conseguir desta síntese avanços no controle de uma das doenças que mais afligem a humanidade nos últimos anos, foi o desafio dos estudos desenvolvidos pela pesquisadora Joana Darc Souza Chaves, ex-aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal de Juiz deFora (UFJF). Os resultados descritos na sua tese mostram o desenvolvimento de compostos promissores no combate a células cancerígenas, com efeitos comprovados por testes realizados in vitro superiores aos obtidos por medicamentos chamados “padrão”, ou seja, com eficácia já comprovada no mercado.

Desde os primórdios da civilização que compostos à base de ouro são usados para fins medicinais. Há cinco mil anos, os egípcios ingeriam ouro para a purificação da mente, do corpo e do espírito. Acreditava-se que o ouro no corpo trabalhava para a estimulação da vida e aumentava a vibração em todos os níveis. Em 1890, o conceituado bacteriologista alemão, Robert Koch, obteve o Prêmio Nobel, por ter descoberto que compostos feitos com ouro inibiam o crescimento das bactérias que causavam a tuberculose.

No início de 1930, a suposição feita pelo cientista Jacques Forestier de que a doença artrite reumatoide é infecciosa e análoga à tuberculose o levou a usar um composto de ouro também para esse tratamento. O sucesso inicial do experimento impulsionou estudos sobre os efeitos benéficos e tóxicos dos compostos de ouro na artrite reumatóide. A literatura relata, há mais de 50 anos, compostos desenvolvidos a partir da associação do ouro a carboidratos com significativas propriedades biológicas, tais como antitumorais, antibacterianas, antifúngicas e antivirais. A síntese de compostos derivados de carboidratos tem cada vez mais importância na química medicinal, em função da grande variedade de atividade biológica e a baixa toxicidade dos compostos.

O ouro chamado de coloidal vermelho ainda está em uso hoje na Índia sob a forma de medicina ayurvédica para o rejuvenescimento e revitalização durante a velhice. Na Índia, uma mistura de cinábrio, o sulfeto de mercúrio, e o ouro é usada como medicamento para se obter o vigor da juventude. As propriedades antitumorais dos compostos de ouro foram documentadas em pacientes com carcinoma na língua e no pulmão, em 1999, e no ovário, em 1998 e 2000.

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Esta notícia foi publicada na edição nº 7 (setembro de 2014 a fevereiro de 2015) da Revista A3. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor
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