Biologia & Ciências
14/11/2014
Nova espécie de orquídea
Planta de flor pequena e marcante vive em árvores junto a cursos d’água a norte da cidade de Manaus.
Por Júlio César Barros (Revista Pesquisa FAPESP)
A nova espécie de orquídea tem o labelo (pétala branca) em curva, que lembra o formato de uma âncora de navio
Botânicos brasileiros descreveram uma nova espécie de orquídea colhida em uma área de manejo florestal perto de Manaus, Amazonas. A pequena planta recebeu o nome de Dichaea bragae, em homenagem a Pedro Ivo Soares Braga, falecido em março de 2011 e considerado um dos maiores pesquisadores de orquídeas do Brasil. Ela foi descrita por uma equipe da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) na edição de setembro na revista científica Acta Amazonica.
O que chama atenção é um detalhe das pequenas flores verdes com cerca de um centímetro de diâmetro, ou seja, o labelo, uma pétala modificada, cuja função em geral é atrair polinizadores, mais comumente abelhas, e que na Dichaea bragae se destaca por sua cor branca. “As partes laterais do labelo lembram o formato de uma âncora de navio, uma das características do gênero Dichaea”, diz o biólogo Amauri Herbert Krahl, do Inpa, integrante do grupo que descreveu a espécie. “Essas projeções laterais estão presentes em quase todas as plantas do gênero, mas só a Dichaea bragae tem os lóbulos laterais em curva, num ângulo de 90 graus. É quase como se as pontas fossem dobradas”, descreve. Nas outras características, como tamanho das folhas, porte da planta e caule, a nova espécie é semelhante às já conhecidas no mesmo gênero.
A Dichaea bragae é típica das florestas muito úmidas ao longo dos cursos de água. Ancorada em troncos de árvores de caule fino, a uma altura média de 2 metros do solo, a orquídea, como é usual em espécies dessa família, retira do ar a água necessária para sobreviver.
Segundo Krahl, exemplares da planta foram retirados da fazenda Porto Alegre, localizada a 80 quilômetros ao norte de Manaus, uma área de manejo administrada pelo Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), do Inpa. “A coleta foi feita quando a planta não apresentava sua parte reprodutiva, a flor. Cultivamos os exemplares em orquidário e quando elas floriram tivemos uma grata surpresa”, relembra o botânico, que trabalha com orquídeas desde 2008.
Esta notícia foi publicada na Edição Online 14:32 de novembro de 2014 da revista Pesquisa Fapesp. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.