Biologia & Ciências
29/04/2013
Porco-espinho recém descoberto já corre risco de extinção
Por G1O destino do novo porco-espinho está diretamente ligado ao futuro da Mata Atlântica nordestina, a mais devastada de nossas florestas.
Uma mata exuberante que esconde riquezas da biodiversidade. Os pesquisadores do departamento de zoologia da Universidade Federal de Pernambuco partem para mais uma expedição em busca de uma espécie rara.
Mas que bicho será esse? Há cinco anos, ele foi visto pela primeira vez num pedaço de floresta em Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.
“A gente andou mais de 200 quilômetros nestas florestas, mais de sete fragmentos, a gente conseguiu apenas sete registros, para você ver como é um trabalho complicado”, explica o biólogo Everton Melo.
Tudo para encontrar um porco-espinho. As cores não deixam dúvidas de que é uma espécie diferente: amarelo-limão com espinhos escuros de pontas vermelhas. O pequeno mamífero tem dentes de roedor. As patas com garras ajudam a escalar as árvores. A cauda funciona como um quinto membro. É o Coendou Speratus, uma nova espécie de porco-espinho.
Encontrar o porco-espinho não foi uma tarefa fácil. Ele passa o dia dormindo dentro da parte oca do tronco das árvores. É na escuridão da noite que ele sai pela floresta em busca de alimento. Isso ajuda a explicar porque a nova espécie permaneceu desconhecida por tanto tempo.
A descoberta acaba de ser publicada em uma revista científica. O porco-espinho foi solto depois de ter sido estudado. E demonstrou muita disposição para escalar a árvore e subir até os galhos mais altos no reencontro com a floresta.
A boa notícia é que o animal é uma fêmea e tem boas chances de encontrar um parceiro para se reproduzir.
“A gente fez registros neste mesmo fragmento de outros indivíduos e com certeza ele vai rapidamente encontrar outros indivíduos do sexo oposto e vai conseguir continuar o seu ciclo de vida”, afirma o biólogo Ramon Gadelha.
O destino do novo porco-espinho está diretamente ligado ao futuro da Mata Atlântica nordestina, a mais devastada de nossas florestas. O novo morador já nasce para a ciência sob ameaça de desaparecer junto com a floresta, que serve de abrigo para tantas espécies.
O nome da nova espécie, Speratus, é simbólico. “Tem que ser um nome em latim, de acordo com a nomenclatura zoológica e Speratus significa exatamente esperança”, diz o professor Rossano Mendes Pontes.
A esperança de chamar a atenção para a necessidade de preservação da Mata Atlântica e de todos os tesouros que ela ainda pode revelar.
Esta notícia foi publicada em28/04/2013 no site www.g1.globo.com. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade do autor.