Biologia & Ciências
20/11/2012
Cientistas identificam novo gene de risco para Alzheimer
por Julie Steenhuysen - Reuters (Folha de S.Paulo)Duas equipes internacionais de cientistas identificaram uma rara mutação em um gene ligado a inflamações que aumenta significativamente o risco de desenvolver a forma mais comum de Alzheimer, a primeira descoberta do tipo em uma década.
A descoberta, publicada esta semana no "New England Journal of Medicine", fornece novas interpretações sobre as bases do Alzheimer, uma doença mortal, devastadora, que rouba memórias, independência e a vida das pessoas.
Em estudos separados, as equipes lideradas pelo laboratório deCode Genetics e por John Hardy, do University College de Londres, descobriram que pessoas com uma mutação no gene chamado TREM2 tem quatro vezes mais chance de ter Alzheimer.
O risco de desenvolver a doença é comparável ao ApoE4, a causa genética mais conhecida de Azheimer que atinge os idosos. Entretanto, o novo gene é dez vezes mais raro que o ApoE4, que atinge 40% das pessoas com o mal.
Raro ou não, cientistas dizem que a descoberta representa um grande avanço na pesquisa do Alzheimer.
"Trata-se de uma das mais comuns e mais devastadoras doenças em humanos, e nós ainda não temos um bom entendimento das causas desse mal", disse Allan Levey, diretor do Centro de Excelência da Doença de Alzheimer de Emory (Atlanta, EUA) que auxiliou na confirmação das descobertas do deCode. "Acredito que isso é muito importante. Proporciona outra importante pista de um dos fatores biológicos que contribuem para causar a doença", completou.
Apesar das inúmeras tentativas, a indústria farmacêutica se frustrou em seus esforços de desenvolver uma droga que possa alterar as origens do Alzheimer, que afeta mais de 5 milhões de norte-americanos e custa anualmente ao país mais de US$ 170 bilhões em tratamento.
Pesquisas atuais têm sido focadas na remoção de amontoados de proteína --conhecida como beta-amiloide-- que se acumulam no cérebro das pessoas com o mal de Alzheimer. Porém, muitas drogas que têm sido desenvolvidas para remover essas proteínas têm falhado na melhora significativa dessa forma de demência.
Com a nova descoberta, pesquisadores acreditam que o foco será no papel da inflamação no Alzheimer.
Resposta Inflamatória
TREM2 é o gene que afeta a proteína da superfície da célula de vários tecidos que "recolhe o lixo", segundo o Dr. Kari Stefansson, do laboratório deCode, de Reykjavik (Islândia). Essas células, conhecidas como microglia, são constantemente associadas à inflamação.
Uma mutação que altera a função dessas células "faxineiras" poderia afetar a forma como o cérebro lida com o excesso de proteínas tóxicas acumuladas, explicaram Stefanssom e outros cientistas. Isso sugere que, mesmo que o TREM2 seja raro, a forma como atua no cérebro pode ser importante para a saúde delas.
"É plausível que o TREM2 esteja envolvido em todas as formas do mal de Alzheimer", disse Andrew Singleton, do Instituto Nacional do Envelhecimento (Estados Unidos), que trabalhou no artigo com Hardy e colegas do University College. "Acredito que talvez seja generalizado", completou Singleton.
Em sua pesquisa, Hardy e colegas utilizaram uma técnica de sequenciamento de genes para estudar 988 pessoas com mal de Alzheimer e mil voluntários saudáveis
A equipe também examinou tecidos do cérebro de pacientes que sucumbiram à doença, e estudaram o gene TREM2 em camundongos geneticamente modificados.
Esta notícia foi publicada em 16/11/2012 no site www1.folha.uol.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
A descoberta, publicada esta semana no "New England Journal of Medicine", fornece novas interpretações sobre as bases do Alzheimer, uma doença mortal, devastadora, que rouba memórias, independência e a vida das pessoas.
Em estudos separados, as equipes lideradas pelo laboratório deCode Genetics e por John Hardy, do University College de Londres, descobriram que pessoas com uma mutação no gene chamado TREM2 tem quatro vezes mais chance de ter Alzheimer.
O risco de desenvolver a doença é comparável ao ApoE4, a causa genética mais conhecida de Azheimer que atinge os idosos. Entretanto, o novo gene é dez vezes mais raro que o ApoE4, que atinge 40% das pessoas com o mal.
Raro ou não, cientistas dizem que a descoberta representa um grande avanço na pesquisa do Alzheimer.
"Trata-se de uma das mais comuns e mais devastadoras doenças em humanos, e nós ainda não temos um bom entendimento das causas desse mal", disse Allan Levey, diretor do Centro de Excelência da Doença de Alzheimer de Emory (Atlanta, EUA) que auxiliou na confirmação das descobertas do deCode. "Acredito que isso é muito importante. Proporciona outra importante pista de um dos fatores biológicos que contribuem para causar a doença", completou.
Apesar das inúmeras tentativas, a indústria farmacêutica se frustrou em seus esforços de desenvolver uma droga que possa alterar as origens do Alzheimer, que afeta mais de 5 milhões de norte-americanos e custa anualmente ao país mais de US$ 170 bilhões em tratamento.
Pesquisas atuais têm sido focadas na remoção de amontoados de proteína --conhecida como beta-amiloide-- que se acumulam no cérebro das pessoas com o mal de Alzheimer. Porém, muitas drogas que têm sido desenvolvidas para remover essas proteínas têm falhado na melhora significativa dessa forma de demência.
Com a nova descoberta, pesquisadores acreditam que o foco será no papel da inflamação no Alzheimer.
Resposta Inflamatória
TREM2 é o gene que afeta a proteína da superfície da célula de vários tecidos que "recolhe o lixo", segundo o Dr. Kari Stefansson, do laboratório deCode, de Reykjavik (Islândia). Essas células, conhecidas como microglia, são constantemente associadas à inflamação.
Uma mutação que altera a função dessas células "faxineiras" poderia afetar a forma como o cérebro lida com o excesso de proteínas tóxicas acumuladas, explicaram Stefanssom e outros cientistas. Isso sugere que, mesmo que o TREM2 seja raro, a forma como atua no cérebro pode ser importante para a saúde delas.
"É plausível que o TREM2 esteja envolvido em todas as formas do mal de Alzheimer", disse Andrew Singleton, do Instituto Nacional do Envelhecimento (Estados Unidos), que trabalhou no artigo com Hardy e colegas do University College. "Acredito que talvez seja generalizado", completou Singleton.
Em sua pesquisa, Hardy e colegas utilizaram uma técnica de sequenciamento de genes para estudar 988 pessoas com mal de Alzheimer e mil voluntários saudáveis
A equipe também examinou tecidos do cérebro de pacientes que sucumbiram à doença, e estudaram o gene TREM2 em camundongos geneticamente modificados.
Esta notícia foi publicada em 16/11/2012 no site www1.folha.uol.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.