Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

11/09/2012

Biólogo "batiza" abelha em homenagem a Ronaldinho Gaúcho.

Fonte: Eduardo Carvalho. Do Globo Natureza, em São Paulo

'Eulaema quadragintanovem' foi encontrada em áreas de florestas no Ceará.
Nome em latim representa número da camisa do craque do Atlético Mineiro.
abellha49Não é novidade que o futebol é a paixão de grande parte dos brasileiros. O amor pelo time do coração pode interferir até na vida profissional. Quando o profissional em questão é um biólogo, até os animais podem se beneficiar dessa paixão.
Uma nova espécie de abelha encontrada no Brasil por pesquisadores de Minas Gerais foi batizada em homenagem à passagem do jogador Ronaldinho Gaúcho pelo Atlético Mineiro, popularmente conhecido como Galo.
A abelha recebeu o nome de Eulaema quadragintanovem e sua descoberta será publicada na edição desta quarta-feira (11) da revista científica "Zootaxa", da Nova Zelândia.
"Quadragintanovem” representa o número 49 escrito por extenso em latim e é o atual número da camisa que Ronaldinho Gaúcho usa nas partidas em que joga pelo Atlético Mineiro.
“Não queríamos homenagear a pessoa do Ronaldinho, mas sim o ‘Ronaldinho do Galo’, a passagem dele pelo Atlético. (...) Tinha que ser um nome ligasse ele ao time”, explica André Nemésio, doutor em Ecologia e professor da Universidade Federal de Uberlândia (MG).
Nemésio e Rafael Ferrari, estudante de mestrado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), deram o nome inusitado à abelha como forma de chamar a atenção para um problema sério: o risco de desaparecimento da espécie, antes mesmo dela ser completamente estudada.
Segundo ele, foram encontrados dois exemplares machos da espécie E. quadragintanovem, ou E. 49, em duas áreas com remanescentes de Mata Atlântica no Ceará. Um no Parque Nacional de Ubajara, na cidade de mesmo nome, em 2011, e outro nas proximidades da Serra do Baturité, em Guaramiranga.
Ameaça à biodiversidade
Essa abelha vive em áreas conhecidas como “brejos de altitude”, vegetação encontrada em topos de morro (cerca de 700 metros de altitude) e constantemente úmida. Entretanto, devido ao desmatamento avançado no bioma, o pesquisador teme que não dê tempo de conhecer mais detalhes sobre o inseto.
“Apesar dessa espécie viver em uma área de conservação, não há infraestrutura que permita proteção a essas áreas. Andei por várias áreas de Mata Atlântica e vi que, na maioria dessas Unidades de Conservação (UCs) há caçadores e desmatamento. Não adianta criar política e não ter infraestrutura e fiscalização”, disse o pesquisador.
De acordo com dados do ministério do Meio Ambiente, até fevereiro de 2012 restavam 22,23% da vegetação original do bioma – que era equivalente a 1,1 milhão de km².
“Ainda não sabemos detalhes sobre sua forma de polinização, alimentação ou reprodução. Além disso, nunca vimos uma fêmea dessa espécie. De repente, é um bicho chave para o sistema ecológico”, afirma Nemésio.
Para ele, dar um nome chamativo ao inseto é uma forma de dar projeção à biodiversidade e à conservação. “As pessoas acham que as abelhas são insetos chatos e incômodos, mas esquecem ou não sabem que elas são primordiais na polinização de diversas espécies de plantas”. Ele explica que o desaparecimento de insetos como a E. 49 poderia afetar uma extensa cadeia alimentar.
Esporte e Ciência
Não é a primeira vez que o doutor em ecologia faz uma homenagem ao seu time do coração. Em 2009, uma outra abelha, do mesmo gênero da E.49 recebeu o nome de Eulaema atleticana.
Trata-se de um inseto negro, com o abdome listrado em amarelo claro.
Segundo Nemésio, o nome do inseto foi uma lembrança pelos cem anos do Atlético Mineiro, completados no ano anterior. Naquela temporada, o time alvinegro tinha um uniforme alternativo, com listras pretas e douradas.
Esta espécie e os exemplares da descoberta recente estão sob a guarda da coleção entomológica da UFMG, em Belo Horizonte.

Esta notícia foi acessada no dia 11/09/2012 no site G1. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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