Biologia & Ciências
23/03/2012
Pesquisa dá pistas sobre como ancestrais do homem se tornaram bípedes
Cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Universidade de Kyoto, no Japão, estudaram o comportamento de chimpanzés e a forma como eles competem entre si por recursos alimentares, a fim de entender por que os ancestrais do homem se tornaram bípedes. A pesquisa foi publicada no periódico Current Biology.Os resultados sugerem que esses ancestrais passaram a se locomover sobre duas pernas, em vez de quatro, em situações e localidades em que eles precisavam monopolizar as fontes de alimentação, geralmente porque elas não se encontravam em abundância em seu habitat, e eles não podiam prever quando as teriam novamente. Ficar em pé sobre duas pernas permitia aos indivíduos carregar mais alimentos de cada vez, já que suas mãos ficavam livres.
Os antropólogos concluíram que os ancestrais mais antigos do homem podem ter vivido em constante mudança de condições ambientais, em que determinadas fontes de alimentos não eram sempre fáceis de encontrar. Se a competição por comida era forte, o costume de andar sobre duas pernas pode ter levado a mudanças anatômicas ao longo do tempo, já que indivíduos bípedes tinham mais vantagem sobre os outros quadrúpedes.
Para chegar a esses resultados, os cientistas fizeram uma série de experimentos em laboratórios ao ar livre, monitorando o comportamento de chimpanzés e determinando quando e por que eles recorriam ao andar bípede. Eles observaram que os animais tendiam a andar sobre duas pernas quando deparados com alimentos escassos, já que era possível carregar mais deles de uma só vez. Se a comida era abundante, eles agiam na maior parte das vezes como quadrúpedes.
Faltas de evidências fósseis deixam os pesquisadores em dúvida sobre quando exatamente os ancestrais humanos se tornaram bípedes. Acredita-se, porém, que isso aconteceu por conta de mudanças climáticas ocorridas em algum período da história, que reduziram as áreas de floresta e forçaram os animais a se movimentar por longas distâncias em terrenos abertos.
Esta notícia foi publicada em 21/03/2012 na Revista Veja. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.