Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

05/12/2011

Anemia Falciforme

Doença hereditária que causa malformação das hemácias e provoca complicações em praticamente todos os órgãos do corpo, a anemia falciforme tem alta incidência no mundo, especialmente entre as populações afrodescendentes.
No Brasil, a prevalência é de uma a cada mil pessoas, em média. Na Bahia, onde o contingente de negros é maior, a doença atinge um em cada 650 indivíduos nascidos vivos.
Congênita, a doença piora continuamente ao longo do tempo, reduzindo a expectativa de vida do paciente para uma média de 40 anos.
O tratamento se torna cada vez mais difícil, uma vez que adultos apresentam lesões crônicas em todos os órgãos, com crises agudas de dor provocadas pela oclusão dos vasos sanguíneos, além de sequelas neurológicas e outras alterações degenerativas graves.
Hidroxiureia
Há cerca de 30 anos, a professora Sara Olalla Saad, do Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dedica-se a estudar a doença e aplicar o conhecimento no tratamento de pacientes.
Em 1992, grupos internacionais de pesquisadores publicaram pela primeira vez trabalhos que demonstravam os benefícios da hidroxiureia para diminuir o sofrimento dos pacientes.
Desde então, o grupo da Unicamp passou a utilizar o medicamento, que no entanto só seria aprovado no Brasil 10 anos depois.
O pioneirismo, unindo pesquisa e clínica, levou o grupo a publicar muitos trabalhos com impacto internacional. Atualmente, os cientistas realizam um estudo de coorte com 114 pacientes de 14 a 55 anos, acompanhando-os continuamente a fim de compreender a doença e testar novas terapias.
Saad, comenta os rumos das pesquisas sobre anemia falciforme e destaca que as condições sociais dos pacientes, associadas às sequelas neurológicas, contribuem para que a doença, apesar de sua alta incidência e gravidade, seja negligenciada pelas políticas públicas de saúde.
A anemia falciforme é muito grave, porque o paciente tem todos os órgãos lesionados. As hemácias, com má formação, têm dificuldade para atravessar os capilares, que podem entupir, causando necrose, morte celular e crises de dor intensa. É comum o aparecimento de úlceras nas pernas, descolamento de retina, priapismo, acidente vascular cerebral, enfartes, insuficiência renal e pulmonar. Todos os ossos são comprometidos, causando dores nas articulações, diz a pesquisadora.
Geralmente, para começar o tratamento, os médicos esperam por uma indicação, como uma síndrome toráxica, ou uma sequência de crises.
Mas quando o paciente chega à idade adulta já tem sequelas muito graves e uma péssima qualidade de vida. Queremos que os pediatras possam iniciar o tratamento precocemente, seja com a hidroxiureia ou com o transplante de medula óssea.
Entretanto, há algumas limitações. Alguns pacientes não respondem à hidroxiureia. Também não é todo mundo que consegue doador para transplante. Além disso, temos que trabalhar com outras drogas que melhorem toda a inflamação e não apenas a vaso-oclusão, por causa da sequela neurológica causada pela doença. Tratar só a vaso-oclusão não vai resolver, porque é também a inflamação que leva à morte neuronal, causando as sequelas neurológicas.
Não sabemos ainda se só a hidroxiureia vai prevenir esse problema. Como vamos ter um número cada vez maior de pacientes, será preciso investir em outras drogas, como o composto que associa a hidroxiureia à talidomida - que é uma droga antiinflamatória e imunossupressora.
Tenho esperança que alguns doadores de óxido nítrico e magnésio possam ser usados nas crises de vaso-oclusão, para aliviar a dor do paciente. Acho que todas essas alternativas podem ter bons resultados.

Esta notícia foi publicada em 05/12/2011 no sítio diariodasaude.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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