Biologia & Ciências
21/11/2011
Vazamento na Bacia de Campos
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou neste domingo (20) que ainda continua o vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, no Norte Fluminense. A petroleira americana Chevron já assumiu a responsabilidade pelo acidente e declarou que o vazamento foi provocado por um erro de cálculo.A Chevron diz que o vazamento está em fase residual, e que até a noite de domingo (20/11) já havia sido retirado 385 metros cúbicos de água com óleo.
A ANP afirmou que, "com base na análise de hoje [domingo] dos filmes do ROV do dia 19/11 e informações do comandante da Marinha embarcado no Skandi Salvador, que monitorou 400 m de fissura hoje pela manhã, pode-se afirmar que a vazamento ainda não cessou em alguns pontos. A mancha de óleo continua se afastando da costa".
A agência informou ainda "que técnicos da agência estiveram no sábado (19) na Chevron, para verificar aspectos relacionados ao reservatório e cumprimento do Programa de Perfuração de Poços".
Neste domingo, os técnicos da ANP embarcaram na plataforma SEDCO 706 para acompanhar as atividades de abandono e coletar mais dados e informações sobre o incidente.
Secretário quer descredenciar Transocean
Ainda neste domingo, a Secretaria estadual do Meio Ambiente declarou que vai pedir o descredenciamento da empresa Transocean, contratada pela Chevron, para fazer a perfuração no Campo de Frade.
O secretário de Meio Ambiente do estado do Rio, Carlos Minc, relembrou que a Transocean também foi a empresa contratada pela British Petroleum, quando houve o derramamento de óleo no Golfo do México, em 2010.
A Chevron também é investigada sobre as técnicas utilizadas para a remoção da mancha, que segundo denúncias, não seriam adequadas. Por meio de nota, a companhia informou que “as embarcações empregam métodos aprovados pelo governo brasileiro, que incluem barreiras de contenção, skimming e técnicas de lavagem, para controlar, recolher e reduzir a mancha. As embarcações já recolheram mais de 250 metros cúbicos de água oleosa proveniente da mancha. Os barcos não usam areia nem dispersantes para controlar a mancha”
PF investiga vazamento
A Polícia Federal já instaurou um inquérito para apurar as responsabilidades da Chevron no vazamento e na retirada do óleo na Bacia de Campos. Hoje (21/11), Carlos Minc vai se encontrar com o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (Delemaph), responsável pelas investigações do caso.
Scliar explicou que aguarda um laudo do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), para saber a extensão do derramamento de óleo.
“O secretário Carlos Minc e técnicos fizeram um sobrevoo pelo local atingido, e eu preciso saber a impressão deles. A partir desta semana, vou ouvir os responsáveis pela Chevron, e em um segundo momento, talvez escute funcionários da Transocean”, explicou o delegado.
Ainda hoje (21/11), Minc vai se reunir com diretores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para discutir valores de multas que devem ser aplicadas a Chevron.
A empresa pode ser indiciada por crime ambiental duas vezes, caso fiquem comprovados a responsabilidade no vazamento de óleo e o uso de técnicas que agridem o meio ambiente, na remoção da mancha. Fábio Scliar detalhou que a pena para este tipo de crime pode ser a proibição da empresa de participar de licitações de áreas do pré-sal nos próximos cinco anos, além de reclusão de 1 a 4 anos.
"No sobrevoo realizado ontem (20/11) pelo helicóptero da Marinha, com técnicos do IBAMA, foi observada diminuição da mancha, que continua se afastando do litoral. A partir da observação visual, estima-se que ela esteja com 18 km de extensão e 11,8 km² de área. Destaca-se que no dia 14, a área observada era de cerca 13 km²", acrescentou a ANP, em nota.
Erro de cálculo, diz Chevron
A petroleira americana Chevron assumiu a responsabilidade pelo acidente e declarou que o vazamento foi provocado por um erro de cálculo. O presidente da Chevron, George Buck, afirmou na sexta-feira que o óleo que sai neste momento é "residual" . Segundo o executivo, a pressão do óleo no reservatório foi "subestimada".
As estimativas a ANP indicam que a vazão média de óleo derramado estaria entre 200 e 330 barris/dia no período de 8 a 15 de novembro.
O monitoramento do vazamento causado pela atividade de perfuração do poço está sendo feito por meio de imagens de satélites, observação visual por sobrevoos e filmagens submarinas.
Investigações
A ANP informou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Marinha do Brasil (MB) também integram o Grupo de Acompanhamento criado para fiscalizar as medidas que vem sendo tomadas pela Chevron Brasil Petróleo Ltda. para conter o vazamento e mitigar as suas conseqüências.
"De acordo com suas atribuições, a ANP apura as causas do incidente ocorrido durante a perfuração do poço 9-FR-50DP-RJS e fiscaliza as operações de contenção do vazamento; o IBAMA fiscaliza as ações desenvolvidas pela empresa para minimizar os danos ao meio ambiente; e a Marinha fiscaliza as condições de segurança marítima da plataforma SEDCO 706, além de disponibilizar meios (helicóptero e navios) para acompanhar o andamento das atividades no local", informou o comunicado.
As três instituições instauraram processos administrativo, para investigação do incidente e aplicação das medidas cabíveis, de acordo com a legislação em vigor. A Polícia Federal também investiga o vazamento e a possibilidade de erro na operação.
Na quinta-feira (17), a ANP informou que o primeiro estágio de cimentação para abandono do poço foi concluído “com sucesso”.
Esta notícia foi publicada em 20/11/2011 no site g1.globo.com. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.