Biologia & Ciências
24/08/2011
O tempo da Evolução
Cientistas descobriram que embora a evolução seja um processo constante e, em alguns momentos, rápido, as mudanças que perduram demoram muito tempo para acontecer: um milhão de anos. A pesquisa ajuda a resolver um velho debate e a aparente contradição entre mudanças evolutivas de curto e longo prazo. O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.Os pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon (EUA) combinaram, pela primeira vez, dados de períodos curtos entre 10 e 100 anos com evidências de períodos mais longos, em registros fósseis de mais de 100 milhões de anos. A análise indicou que mudanças rápidas em populações localizadas nem sempre persistem. Por exemplo, o fato de os seres humanos serem entre cinco e oito centímetros mais altos do que eram 200 anos atrás não significa que o processo continuará, tornando a população 60 centímetros maior em 2.000 anos.
De acordo com Josef Uyeda, chefe da pesquisa, as mudanças rápidas são uma realidade, mas nem sempre são duradouras. Por motivos ainda desconhecidos, os dados mostram que as alterações observadas no longo prazo são bem lentas. A equipe de cientistas calculou que se leva um milhão de anos, em média, para que as grandes mudanças persistam e se acumulem ao longo das gerações. "O interessante não é que temos muita diversidade biológica e mudanças evolutivas. Pelo contrário, são muito poucas", afirmou Uyeda.
Devagar e sempre
O cientista explica que para uma mudança evolutiva persistir em uma espécie, a pressão ambiental que a dirigiu também precisa perdurar. "Não se trata apenas de uma mutação genética que toma o controle", disse Uyeda. "As adaptações evolutivas são causadas pela força da seleção natural e isso é mais lento e raro do que imaginamos".
Embora lento, o processo é implacável. A maioria das espécies muda tanto que raramente dura mais que 10 milhões de anos antes de desaparecer completamente ou dar origem a uma nova espécie. A causa exata das mudanças de longo prazo não é clara. Os pesquisadores afirmam que as mudanças climáticas não parecem ser a única força envolvida porque muitas espécies não sofreram praticamente nenhuma alteração durante períodos em que o clima se transformou dramaticamente.
O estudo é um dos primeiros a reconciliar a rápida evolução observada por biólogos em espécies contemporâneas; as mudanças lentas e estáveis observadas por paleontólogos; e as diferenças dramáticas e macroevolutivas entre os tamanhos e formas das espécies.
Esta notícia foi publicada em 23/08/2011 no site veja.abril.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.