Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

09/05/2011

Osteoporose tem novo tratamento

Por Rafaela Bortolin - Gazeta do Povo
Uma doença incurável e silenciosa, que não tem sintomas, compromete a qualidade de vida dos pacientes e causa cerca de 200 mil mortes todos os anos no Brasil. Assustador, esse é o perfil da osteoporose, um problema que afeta principalmente mulheres a partir da menopausa e virou caso de saúde pública no país pela incidência cada vez maior e a gravidade dos atendimentos.
Apresentado em março deste ano em um congresso internacional na Espanha, um estudo envolvendo pesquisadores de vários países – inclusive o Brasil –, deu novo fôlego ao tratamento da doença ao confirmar que, diferentemente dos medicamentos mais usados atualmente, uma substância, o ranelato de estrôncio, é capaz de combater o enfraquecimento dos ossos e fortalecer a massa óssea restante, diminuindo consideravelmente os riscos de fraturas.
O médico ginecologista e presidente da Comissão Nacional de Osteoporose da Federação Brasileira das Asso­ciações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Ben-Hur Albergaria, fala sobre os benefícios dessa novidade.
Por que a osteoporose preocupa
Ela é uma doença silenciosa e não rende sintomas até que o osso fique tão fraco a ponto de a pessoa ter fraturas graves. Os números da doença são impressionantes. Cerca de 10 milhões de brasileiros têm osteoporose, mas não sabem e só descobrem quando vão ao hospital com alguma fratura e, a partir do raio X, descobrem que o problema está em estágio avançado. Isso é terrível porque, geralmente, as lesões atingem ossos em locais de difícil recuperação e que comprometem muito a qualidade de vida, como vértebras, quadril e fêmur. Só no Brasil, são 200 mil mortes todos os anos causadas por complicações derivadas da osteoporose e isso se reflete na quantidade e gravidade dos casos atendidos em hospitais por todo o país. De cada quatro pessoas com fratura no fêmur, uma morre em menos de um ano em decorrência de complicações do problema. Por isso, não é exagero dizer que a osteoporose virou uma preocupação de saúde pública.
Tratamentos atuais de osteoporose
Temos basicamente duas linhas de frente no tratamento. A primeira é apostar na regularização da ingestão de cálcio e vitamina D, dois componentes essenciais para fortalecer os ossos, além de incentivar a prática de atividade física e pedir que os pacientes evitem o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. A outra parte diz respeito aos remédios, que se dividem em dois grupos. O primeiro, dos antirreabsortivos, é formado por drogas que inibem o enfraquecimento dos ossos, mas não formam novas estruturas. A pessoa freia a evolução do problema, mas não consegue ter de volta o que já havia perdido. O outro grupo é dos medicamentos que fazem o contrário: formam massa óssea, mas não contêm o processo de reabsorção.
A nova técnica
Baseia-se no uso de ranelato de estrôncio, uma substância capaz de fazer simultaneamente, com um só remédio, esses dois processos [formação de massa óssea nova e reabsorção dos ossos antigos]. Seu uso é aprovado pela Anvisa [Agên cia Nacional de Vigilância Sani tá ria] e já era receitado no Brasil há alguns anos, mas os médicos não sabiam exatamente o grau de eficiência alcançado pela medicação.
A importância da descoberta
Pela primeira vez conseguimos comparar os efeitos do ranelato de estrôncio com os de outra substância usada no tratamento, o alendronato de sódio, que tem efeito de redução na reabsorção, e ver como ele age de maneira muito mais eficiente. Além de formar novos ossos e conter o enfraquecimento dos antigos, outra vantagem é a facilidade do uso da substância. Hoje, o ranelato de estrôncio é vendido em pó, em sachês individuais que a pessoa dissolve em um copo de água e toma à noite antes de dormir. Também sabemos que ele não traz complicações a longo prazo, já que estudos na Europa mostram que pessoas que usam a substância há pelo menos dez anos continuam tendo menos fraturas sem efeitos colaterais preocupantes.
A indicação do ranelato de estrôncio
A princípio, o estudo se concentrou no tratamento de mulheres que tiveram osteoporose a partir da menopausa. É óbvio que não existe um medicamento ideal para todos e cada pessoa precisa verificar com seu médico qual o melhor caminho para o seu tratamento. Mas sem dúvidas o ranelato de estrôncio, por enquanto, é o que mais se aproxima do ideal. Agora, temos novos focos de pesquisa despontando. Um deles tenta mostrar a efetividade desta substância em homens com osteoporose. Outro tenta descobrir se ela poderia ser usada contra osteoartrose, artrite ou reumatismo ou mesmo contra o desgaste natural das nossas articulações causado pelo envelhecimento. Não há nada comprovado, mas uma gama grande de estudos deve vir por aí a partir desta primeira descoberta.

Esta notícia foi publicada em 02/05/2011 no sítio gazetadopovo.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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