Biologia & Ciências
20/01/2011
Células do câncer de pele enganam sistema imunológico
Cientistas localizaram um mecanismo molecular em camundongos que ajuda as células do câncer de pele a confundir o sistema imunológico do animal, de acordo com um estudo publicado na revista científica britânica Nature.A descoberta, se reproduzida em humanos, pode um dia resultar em tratamentos capazes de bloquear este mecanismo e, consequentemente, o crescimento do câncer, destacou a pesquisa.
Nos experimentos com ratos, os cientistas demonstraram pela primeira vez que uma proteína chamada interferon-gama (IFN-gama) desempenha um papel chave na disseminação do melanoma, uma forma sabidamente agressiva de câncer resistente à quimioterapia padrão.
O mesmo tipo de radiação ultravioleta que causa queimaduras de pele fez com que os glóbulos brancos do sangue infiltrassem a pele dos roedores, explicou Glenn Merlino, cientista do Instituto Nacional do Câncer dos EUA e principal desenvolvedor do estudo.
As células brancas do sangue, ao contrário, “podem produzir o IFN-gama. Acreditamos que o IFN-gama pode provocar o melanoma em nosso sistema modelar e, talvez, nas pessoas”, destacou em mensagem enviada por e-mail.
Os cientistas descobriram que injetar anticorpos nos ratos que bloqueiam o IFN-gama interrompeu este processo sinalizador, reduzindo efetivamente o risco de aparecimento de câncer de pele induzido por UV.
“Nós estamos tentando desenvolver inibidores que sejam mais práticos que os anticorpos, uma molécula pequena, por exemplo”, disse Merlino.
De forma ideal, este tratamento significaria que alguém exposto a grandes doses de radiação UV – como longos verões na praia sem protetor, por exemplo – poderia escapar da ameaça potencialmente letal do câncer de pele.
“Mas nós nunca encorajaríamos tal exposição ao sol, mesmo se tal tratamento estivesse disponível”, alertou Merlino.
Casos de melanoma cutâneo estão crescendo mais rápido do que qualquer outro tipo de câncer.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano 2000, cerca de 200 mil casos de melanoma foram diagnosticados e houve 65.000 mortes associadas a este tipo de tumor.
A descoberta pode derrubar suposições sobre os vínculos entre as proteínas de interferon e o câncer.
Até agora, acreditava-se que os interferons impedissem a formação de tumores cancerígenos. Um em particular, o interferon-alfa, tem sido amplamente usado para tratar o melanoma, tanto como uma droga de primeira linha quanto como auxiliar.
Uma pesquisa anterior levantou dúvidas sobre a eficácia do tratamento, que também tem sérios efeitos colaterais.
A maior incidência registrada foi na Austrália, onde as taxas anuais são de 10 a 20 vezes as da Europa, respectivamente, para homens e mulheres.
Os maiores fatores de risco são a alta exposição ao sol e outras fontes de UV como câmaras de bronzeamento, além de fatores genéticos.
A doença é muito comum em pessoas de pele clara, olhos azuis e cabelos ruivos ou claros.
Esta notícia foi publicada em 20/01/2011 no sítio ambientebrasil.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.