Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

03/12/2009

Abrigo gelado

O maior episódio de extinção em massa na história da Terra, ocorrido há cerca de 252 milhões de anos, no fim do período Permiano, pode ter sido causado pelo aquecimento global.
Uma espécie fossilizada descoberta em nova pesquisa sugere que alguns animais terrestres podem ter sobrevivido à extinção por terem se refugiado em locais mais frios, como a Antártida.
Denominada Kombuisia antarctica, a espécie foi identificada por Jörg Fröbisch e Kenneth Angielczyk, do Museu Field, em Chicago, e Christian Sidor, da Universidade de Washington. A descoberta foi publicada na revista Naturwissenschaften.
A espécie pertence a um grande e extinto grupo de parentes distantes dos mamíferos, chamados anomodontes, que eram os herbívoros mais frequentes e dominantes no período.
“Havia membros desse grupo que cavavam a terra, andavam na superfície e viviam nas árvores. Entretanto, a Kombuisia antarctica, que tinha o tamanho de um gato doméstico atual, era consideravelmente diferente dos mamíferos atuais. Ela colocava ovos, não cuidava das crias pequenas e não tinha pelo. Talvez nem mesmo tivesse sangue quente”, disse Angielczyk.
A espécie não era ancestral direto dos mamíferos atuais, mas estava entre as poucas linhagens de animais que sobreviveram em um momento em que a maior parte das formas de vida simplesmente desapareceu.
Os cientistas ainda debatem o que teria causado a extinção do fim do Permiano. Mas estima-se que o fenômeno tenha sido associado com uma atividade vulcânica de grandes proporções na atual Sibéria que pode ter provocado o aquecimento global.
Quando a Antártida serviu de refúgio naquele momento de temperaturas que se elevavam, o continente estava ao norte de sua localização atual, era mais quente e não estava coberto permanentemente com um manto de gelo.
O refúgio da Kombuisia antarctica na Antártida, segundo os autores do estudo, provavelmente não foi resultado de uma migração sazonal, mas de uma alteração que levou o hábitat do animal mais para o sul do planeta.
Evidências fósseis sugerem que animais de pequeno e médio porte foram bem mais sucedidos na hora de escapar de uma extinção em massa do que os animais maiores. O motivo é que os menores podem ter adotado comportamentos como hibernação, torpor e encontrar abrigo sob a superfície.
“A nova descoberta preenche uma lacuna no registro fóssil e contribui para um melhor entendimento da sobrevivência dos vertebrados durante a extinção em massa do fim do Permiano tanto do ponto de vista geológico como ecológico”, disse Fröbisch.

Esse conteúdo foi publicado em 03/12/2009 no sítio Agência FAPESP. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.

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