Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

16/11/2009

Coral predador devora água-viva

Um coral foi fotografado pela primeira vez por cientistas devorando uma água-viva em Israel.

As fotos foram feitas por Omri Bronstein, da Universidade de Tel Aviv, e Gal Dishon, da Universidade de Bar Ilan, durante um mergulho em março de 2009, quando os cientistas analisavam os recifes perto da cidade israelense de Eilat, no Mar Vermelho.

Geralmente, corais se alimentam de plâncton e se beneficiam da fotossíntese de certas algas microscópicas, as zooxantelas, com quem vivem em simbiose. No entanto, as fotos revelam um coral, da espécie Fungia scruposa, sugando uma água-viva.
Os pesquisadores acreditam que a habilidade de se alimentar de várias fontes de alimento dê ao coral uma vantagem em um ambiente que está mudando.

As correntes marítimas e os nutrientes geraram um aumento sazonal na população de águas-vivas da espécie em questão (Aurelia aurita) na região onde foram feitas as fotos. Muitas delas cercaram o recife de corais no qual a equipe de cientistas mergulhava.

Foi nesta ocasião que eles presenciaram o evento.
"Durante a análise fomos surpreendidos com alguns corais se alimentando das águas-vivas. Não podíamos acreditar no que estávamos vendo", afirmou Ada Alamaru, integrante da equipe de pesquisa em biologia marinha do Departamento de Zoologia da Universidade de Tel Aviv.

A água-viva tem como principais predadores alguns tipos de peixe, tartarugas marinhas e pássaros marinhos.
No entanto, encontrar estas águas-vivas em estágio adulto sendo devoradas por um coral é uma descoberta singular, da qual não há registros anteriores.

"Este é o primeiro registro de um coral se alimentando de uma água-viva com tamanho quase igual ao dele", afirmou Alamaru. "Na verdade nós vimos alguns corais se alimentando (de águas-vivas), não apenas um.

Normalmente estes corais se alimentam de organismos microscópicos de apenas entre 0,2 mm e 0,4 mm que formam o chamado plâncton. Ao fazer isto, eles também engolem pequenas águas-vivas, embrionárias, difíceis de enxergar a olho nu.
"Isto é definitivamente diferente. Até onde sei nenhum outro coral se alimenta de águas-vivas. No entanto, há registros de algumas anêmonas, que são parentes próximas dos corais, se alimentando de outras espécies como esta", acrescentou Ada Alamaru.

Diferentemente de muitos corais que vivem em recifes, o Fungia scruposa não vive em colônias numerosas. É formado por um grande pólipo, que mede até 30 centímetros de diâmetro.

Eles não são presos ao fundo do mar, apresentam uma movimentação limitada, ao contrário dos outros corais que vivem nas rochas.
No entanto, de acordo com Alamaru, ainda é um mistério como estes corais conseguem capturar as águas-vivas.
A habilidade do coral de se alimentar de forma oportunista quando há um aumento na população de águas-vivas fornece proteína, valiosa para o coral.

Ada Alamaru sugere que a descoberta revela não apenas uma fonte de alimento para o coral, mas também outros benefícios em potencial em um ambiente que está mudando, no qual, devido às mudanças climáticas, o aumento na população de águas-vivas ocorre cada vez mais e com mais intensidade.

"A habilidade de usar uma variedade de fontes de alimentos e de se aproveitar deste aumento de população dá aos corais cogumelos uma vantagem, se compararmos com outros corais que não conseguem se alimentar de presas tão grandes", disse a pesquisadora.



Esse conteúdo foi publicado em 16/11/2009 no site Ambiente Brasil. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.

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