Biologia & Ciências
14/07/2009
Vacina para Mal de Chagas
“Nadando contra a corrente” foi o título da apresentação do professor Maurício Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), durante o Simpósio Internacional do Centenário da Doença de Chagas, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, na semana passada.
O grupo de Rodrigues desenvolve uma candidata a vacina para Chagas. “Usei o título para destacar o ceticismo em torno da possibilidade de se fazer tal vacina”, explicou.
Segundo ele o dogma é apoiado na crença de que existiriam mecanismos autoimunes induzidos por antígenos do Trypanosoma cruzi (parasita causador da doença) que poderiam levar a uma piora no quadro da infecção. “A vacinação poderia levar, por conta disso, a uma piora no quadro da doença crônica”, disse.
Rodrigues aponta que sua abordagem é diferente. “Estamos selecionando antígenos característicos do parasito e que não têm reatividade cruzada com os antígenos do hospedeiro. O que quer dizer que a estrutura é diferente da molécula do hospedeiro.”
“Ao provocar uma resposta imune não se está provocando uma resposta contra si mesmo. As vacinas, no passado, eram feitas com mecanismos inteiros. Hoje, se faz com pedaços do parasito. A vacina contra a hepatite tem um único antígeno recombinante. A do papiloma usa quatro antígenos recombinantes. Acredito que, quanto menos antígenos usarmos, melhor será a vacina resultante”, explicou.
Rodrigues usa o antígeno trans-sialidase e a proteína 2 de superfície de amastigotas. “Usamos um adenovírus recombinante que, uma vez injetado, não replica. Ele entra na célula e produz a proteína dentro dela. Com isso, a toxicidade é nula”, afirmou.
De acordo com Rodrigues, a vacina foi testada em modelo experimental em animais com grau significativo de proteção. A intenção agora é testá-la em cães com infecção natural na Argentina.
Testes em humanos
Segundo Sergio Schenkman, também professor da Unifesp e coordenador da mesa-redonda da qual Rodrigues participou, a descrença a respeito da vacina se deve à dúvida sobre qual seria a vantagem de uma alternativa do tipo para Chagas e se os números da infecção justificariam a imunização para toda a população.
“O desenvolvimento de vacinas é importante porque não sabemos o que acontecerá com a doença no futuro, ou seja, que caminhos ela vai tomar. A tendência para qualquer vacina é a pressão da geração de mutantes. A vacina da gripe, por exemplo, é feita todo ano a partir de cepas novas”, explicou Schenkman, que coordena dois Projetos Temáticos com pesquisas sobre o T. cruzi.
“A geração de vacinas foi prejudicada por uma série de fatores, como excesso de regulação, falta de investimento e pouca lucratividade. Não há indústria que se interesse. Tem que haver uma mudança na legislação que permita testes para todas as vacinas. O problema é que a quantidade de regulamentos para os testes de vacinas é muito alta”, apontou Rodrigues.
Segundo o pesquisador, a intenção agora é fazer testes de toxicidade e imunogenicidade (fase 1) em humanos sem oferecer perigo. “Esses compostos já são utilizados, mas vamos saber se eles induzem uma resposta imune de qualidade”, assinalou.
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br
O grupo de Rodrigues desenvolve uma candidata a vacina para Chagas. “Usei o título para destacar o ceticismo em torno da possibilidade de se fazer tal vacina”, explicou.
Segundo ele o dogma é apoiado na crença de que existiriam mecanismos autoimunes induzidos por antígenos do Trypanosoma cruzi (parasita causador da doença) que poderiam levar a uma piora no quadro da infecção. “A vacinação poderia levar, por conta disso, a uma piora no quadro da doença crônica”, disse.
Rodrigues aponta que sua abordagem é diferente. “Estamos selecionando antígenos característicos do parasito e que não têm reatividade cruzada com os antígenos do hospedeiro. O que quer dizer que a estrutura é diferente da molécula do hospedeiro.”
“Ao provocar uma resposta imune não se está provocando uma resposta contra si mesmo. As vacinas, no passado, eram feitas com mecanismos inteiros. Hoje, se faz com pedaços do parasito. A vacina contra a hepatite tem um único antígeno recombinante. A do papiloma usa quatro antígenos recombinantes. Acredito que, quanto menos antígenos usarmos, melhor será a vacina resultante”, explicou.
Rodrigues usa o antígeno trans-sialidase e a proteína 2 de superfície de amastigotas. “Usamos um adenovírus recombinante que, uma vez injetado, não replica. Ele entra na célula e produz a proteína dentro dela. Com isso, a toxicidade é nula”, afirmou.
De acordo com Rodrigues, a vacina foi testada em modelo experimental em animais com grau significativo de proteção. A intenção agora é testá-la em cães com infecção natural na Argentina.
Testes em humanos
Segundo Sergio Schenkman, também professor da Unifesp e coordenador da mesa-redonda da qual Rodrigues participou, a descrença a respeito da vacina se deve à dúvida sobre qual seria a vantagem de uma alternativa do tipo para Chagas e se os números da infecção justificariam a imunização para toda a população.
“O desenvolvimento de vacinas é importante porque não sabemos o que acontecerá com a doença no futuro, ou seja, que caminhos ela vai tomar. A tendência para qualquer vacina é a pressão da geração de mutantes. A vacina da gripe, por exemplo, é feita todo ano a partir de cepas novas”, explicou Schenkman, que coordena dois Projetos Temáticos com pesquisas sobre o T. cruzi.
“A geração de vacinas foi prejudicada por uma série de fatores, como excesso de regulação, falta de investimento e pouca lucratividade. Não há indústria que se interesse. Tem que haver uma mudança na legislação que permita testes para todas as vacinas. O problema é que a quantidade de regulamentos para os testes de vacinas é muito alta”, apontou Rodrigues.
Segundo o pesquisador, a intenção agora é fazer testes de toxicidade e imunogenicidade (fase 1) em humanos sem oferecer perigo. “Esses compostos já são utilizados, mas vamos saber se eles induzem uma resposta imune de qualidade”, assinalou.
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br