Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

13/03/2009

Gel antirrugas

Gel feito de látex natural é a mais recente promessa para combater rugas. O látex da seringueira, do qual é feita a borracha natural, pode agora levar a um gel antirrugas, como resultado do trabalho integrado de especialistas de laboratórios de universidades e de empresas nacionais. Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, interior paulista, e as equipes de desenvolvimento de duas empresas, a paulista Pele Nova Biotecnologia e a paranaense O Boticário, identificaram, isolaram e testaram uma proteína extraída da seiva bruta da Hevea brasiliensis que aparentemente dilui os sinais da passagem do tempo sobre a pele: um teste preliminar realizado com 60 mulheres com idade próxima a 50 anos indicou uma redução de 80% das rugas na região da testa e dos olhos, após quase um mês de uso diário. Uma avaliação mais ampla, com quase 300 mulheres de Curitiba, levou a resultados próximos. Se correrem sem problemas as etapas finais de desenvolvimento tecnológico e de produção, um novo gel antienvelhecimento, capaz de restabelecer a produção de colágeno e a elasticidade da pele, pode estar à mão das mulheres (e dos homens, claro) ainda este ano.

O novo creme representa uma das aplicações mais recentes do látex da seringueira, um líquido esbranquiçado leitoso estudado na USP de Ribeirão Preto desde 1994. Ali, apoiados pelo químico Antonio Cesar Zborowski, de uma indústria de borracha natural da região de São José do Rio Preto, dois médicos da universidade, Joaquim Coutinho Netto e Fátima Mrue, criaram próteses de esôfago com borracha natural e as implantaram em cães. Concluíram que esse material deveria conter substâncias que estimulavam o crescimento de vasos sanguíneos e de tecidos ao verem que depois de quase um mês os animais expeliam as próteses e o esôfago havia se reconstituído. Os resultados atraíram Ozires Silva, ex-presidente da Embraer e da Varig, então à frente da Pele Nova, que em 2002 licenciou a patente e dois anos depois começou a produzir a membrana de látex. Seu primeiro uso foi a cicatrização de feridas, principalmente em pés, de portadores de diabetes. Esse é também o único uso da biomembrana, chamada comercialmente de Biocure, já aprovado pelos órgãos reguladores do governo.

“Reconhecemos que não tínhamos competência para cuidar bem de todas as áreas”, conta Marcos Silveira, diretor-presidente da Pele Nova. Ele repassou as tarefas de venda e distribuição para uma empresa especializada em produtos farmacêuticos e concentrou os esforços no departamento de pesquisa e desenvolvimento, instalado em Ribeirão Preto, próximo à USP. Coutinho e Silveira seguiram juntos (Fátima Mrue voltou para a Universidade Federal de Goiás depois de concluir o doutorado em Ribeirão Preto) e concordaram que deveriam encontrar os componentes do látex para evitar que a membrana fosse tratada como uma combinação de ingredientes cujos efeitos não podem ser explicados. 
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br
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