Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

08/11/2018

Manguezal armazena mais carbono que floresta

O litoral das regiões Norte e Nordeste do país abriga uma das mais extensas florestas de mangue do mundo.

Área de reprodução de grande variedade de animais marinhos, os manguezais protegem a costa das ondas e da subida do nível do mar. Já se sabia que são importantes sorvedouros de gás carbônico, associado às mudanças climáticas. Agora, se conhece melhor a capacidade de esse tipo de vegetação armazenar o gás de efeito estufa. Um estudo realizado por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos verificou que, na Amazônia, cada hectare de manguezal contém uma quantidade de carbono duas vezes maior que a mesma área de floresta (Biology Letters, 5 de setembro). No Nordeste, 1 hectare de mangue armazena ao menos oito vezes mais carbono do que 1 hectare de vegetação da Caatinga.

A equipe coordenada por John Boone Kauffman, da Universidade Estadual do Oregon, Angelo Bernardino, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Tiago Ferreira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), chegou a esses valores depois de passar quatro anos realizando medições em áreas de manguezais preservados e em regiões nas quais esse tipo de floresta havia sido removido. Em um estudo anterior, a mesma equipe havia quantificado o gás carbônico que esses ecossistemas liberam para o ar quando devastados – em geral, para dar lugar a pastagens ou fazendas de camarão. No Nordeste, a conversão de 1 hectare de manguezal em fazenda de camarão emite cerca de 10 vezes mais gás carbônico do que a queima de 1 hectare de floresta continental. Esse volume de carbono é equivalente ao acumulado no solo do mangue durante mais de 180 anos (Ecology and Evolution, maio).

Esta notícia foi publicada na Edição 272 da Revista Pesquisa FAPESP em Outubro de 2018. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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