Biotecnologia - Transgênicos - no Ambiente
a) Kits para diagnóstico da poluição por diferentes poluentes eb) Bactérias transgênicas para limpeza de locais poluídos por petróleo e metais pesados.
Veja o que diz o professor Carlos Moreira Filho, Coordenador do Centro de Pesquisa em Biotecnologia da USP:
A Biotecnologia torna preservação do meio ambiente economicamente vantajosa. Com o avanço da biotecnologia, muitos poluentes que antes eram jogados nos rios podem, atualmente, ser reaproveitados ou até mesmo revendidos.
No Brasil, empresas de papel e celulose já reutilizam a lignina como insumo energético para a própria indústria, após ser tratada em caldeiras de recuperação. Na opinião do professor Carlos Moreira-Filho, coordenador do Centro de Pesquisa em Biotecnologia (CPB) do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, "hoje, só polui quem é burro".
Segundo ele, ainda existem empresas que desperdiçam a possibilidade de transformar elementos poluentes em insumos alimentares para animais. "Trata-se de um produto que, certamente, poderia ser revendido", afirma.
Moreira-Filho define biotecnologia como a obtenção de produtos a partir de seres vivos, ou parte deles. "É um processo ao mesmo tempo antigo e moderno, considerando que a cerveja já era fabricada na Babilônia. Hoje, clona-se hormônio de crescimento humano, que há alguns anos era retirado de cérebros de cadáveres. A diferença entre a biotecnologia clássica e moderna está na engenharia genética.
A capacidade de se transferir genes de plantas e mamíferos, para bactérias, leveduras ou vírus, abriu a possibilidade de se produzir novos produtos bioquímicos em grande escala, pois estes pequenos seres se reproduzem com uma velocidade infinitamente maior do que os organismos complexos", explica.
O professor aponta que a preocupação com a preservação do meio ambiente no Brasil tem partido principalmente dos setores farmacêutico e agroindustrial. "Há o interesse de se preservar o banco genético, e para isto a biotecnologia também é usada". O CPB, por exemplo, possui um consórcio com o IPT e com a Copersucar, que desenvolveu um plástico biodegradável. Isto só foi possível através da manipulação genética de uma bactéria que transformava açúcar de cana em plástico, mas em pequena quantidade. "Melhoramos a bactéria para criar um produto que não prejudica o meio ambiente", sintetiza.
Ele acrescenta que a biotecnologia também pode atuar em processos corretivos, como trabalhar com microorganismos que consomem gás carbônico para que eles ampliem esta capacidade e, assim, atuem mais intensamente como despoluentes.
Na agroindústria, a biotecnologia tem gerado grande polêmica, sobretudo no caso da soja. "Foi desenvolvida uma soja transgênica que resiste a alguns herbicidas usados contra ervas daninhas. Isto evita a necessidade de se cobrir a planta quando o herbicida é utilizado. Para que isto realmente funcione, é preciso seguir corretamente as normas de biossegurança, caso contrário o gene que torna a soja resistente ao herbicida pode também ser incorporado pela erva daninha e piorar a situação original", explica. ".
Mas as normas de biossegurança existem e funcionam", prossegue. "Portanto, da mesma forma que não podemos ceder a lobbies de empresas que querem um produto ainda não suficientemente testado no mercado, também não podemos ser levados por pressões de fundamentalistas, que não aceitam de forma alguma a revolução bio-tecnológica na agroindústria, contradizendo a verdade científica".
Moreira-Filho salienta que a noção de preservação deve ser compatível com a noção de desenvolvimento. "Não podemos pensar que as pessoas devem ficar quietas no seu canto observando a floresta. Se não houver meio de subsistência, acabará ocorrendo uma atividade predatória. Por isso a biotecnologia é importante: para que possamos utilizar nossa fauna e nossa flora, sem destruí-las. Mas usando como um banco de genes", conclui.